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Prometeu 06

textos "Prometeu Agrilhoado", de Ésquilo (excertos), "Prometeu", de Franz Kafka, e "A Libertação de Prometeu", de Heiner Müller

estreia em 28 de Setembro de 2006

Oficina Municipal do Teatro

total de espectáculos - 21
total de espectadores - 906


38ª produção - A Escola da Noite©Setembro2006


Ficha Técnica:
•••Tradução: Ésquilo Ana Paula Quintela Sottomayor; Kafka versão de cena António Jorge; H. Müller José Ribeiro da Fonte.
•••Encenação: António Jorge
•••Elenco:
•••••••••Prometeu Agrilhoado Prometeu > António Jorge
•••••••••Prometeu Narrador em voz off > António Jorge
•••••••••A Libertação de Prometeu Narrador > António Jorge
•••Música original: António Andrade.
•••Vídeo: Paulo Côrte-Real.
•••Espaço cénico: António Jorge.
•••Figurinos: António Jorge, Ana Rosa Assunção.
•••Luzes: António Jorge, Rui Simão.
•••Assistência Dramatúrgica: António Augusto Barros.
•••Monitor de Tai Chi: António Amorim.
•••Colaboração especial: Ana Paula Quintela Sottomayor, Carlos Guimarães, Maria António Hörster.
•••Operação de luz, som e vídeo: Danilo Pinto, Rui Valente.
•••Execução de elementos cénicos e montagem: Alfredo Santos, António Jorge, Armando Fernandes,
••••••••••••••••••Carlos Figueiredo, Danilo Pinto e Rui Simão.
•••Grafismo: Ana Rosa Assunção.
•••Fotografia: Augusto Baptista, Pedro Sottomayor.
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Hybris de um portador de fogo e o fedor dos dias

Tudo parte da necessidade de um desafio pessoal maior, de pôr à prova uma experiência de vida e a vivência de uma arte. E, com isso, tentar reacender um olhar mais distanciado e abrangente sobre a realidade e o momento, aguçando a lucidez nas escolhas do que é essencial.
O mergulho na matéria concreta da minha arte, o fazer teatral, reforçando o grau de exigência técnica, o exercício da disciplina e da memória do corpo, levaram-me a rever limites, não temendo o erro, num confronto, humilde mas claro, com as minhas dificuldades, resistências e ignorância.
Indispensável nesta aventura foi a participação de dois amigos que partilharam comigo o risco e o prazer da criação.

Mantenho, por outro lado, a ambição de que tudo isto possa servir, mais do que uma reflexão pessoal, para questionar o sentido da arte e a condição do artista face ao momento político e social presente, os nossos valores culturais e humanistas e as nossas expectativas como Homens. Assim como o lugar da responsabilidade individual e do livre-arbítrio perante a massificação dos gostos, o consumismo básico e desenfreado, as concessões às leis do lucro e do sucesso fácil. Fenómenos que, para além de menosprezarem a arte, tendem a dispensar a sensibilidade e inteligência do Homem, empurrando-o para uma nova Idade do Ferro.

O cruzamento dos textos de Ésquilo, Kafka e Müller, onde o gosto e rigor da palavra elaborada são igualmente pungentes, apesar do tempo que os separa, permitiu-me obter, através da exploração das suas diferenças formais e de ângulo de leitura do Mito, a matéria fundamental do jogo dramático. E, ao mesmo tempo, relevar a força e pertinência deste símbolo da insatisfação e da revolta contra a prepotência dos falsos Deuses que inventamos e que polulam na nossa sociedade, condicionando o nosso discernimento.

A dádiva da arte, da ciência e da ética foi o Fogo em que, afinal, se forjaram os pilares da civilização ocidental. Hoje, celebrar Prometeu (etimologicamente: pró-antes + manthánein-saber, ver), reinterpretando-o, é um privilégio que nos permite parar, olhar para trás e recuperar a Verdade.

O Teatro é um espaço de referência e liberdade, gerador de inquietações através da procura do Belo. Prometeu 06 é mais uma tentativa de pensar e levar outros a pensar connosco. Escolher as 3 ou 4 pedras que nos sustentam e, a partir delas, resistir e gritar, sempre e de novo, por fogo. Porque a Esperança que restou no fundo da Caixa de Pandora chegar-nos-á, senão para um dia cumprir todas as utopias, pelo menos para minorar alguns recuos e tropeções da condição humana dos nossos passos.


António Jorge
in programa do espectáculo. Saiba mais sobre os conteúdos do programa aqui.


Sobre este espectáculo:

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