A Escola da Noite vista de fora — Algumas opiniões e notas de imprensa
O projecto d'A Escola da Noite foi reconhecido, em 1992, como um dos mais interessantes surgidos no panorama teatral da altura. Desde então, A Escola da Noite tem continuado a merecer uma apreciação de individualidades e da comunicação social que é globalmente positiva e que reflecte, de certo modo, a cumplicidade que o nosso público nos tem dispensado. Não obstante, o leitor atento desta página não deixará de notar uma diminuição no volume de apreciações à medida que nos aproximamos dos nossos dias. Não se trata de uma ilusão óptica: os anos recentes não têm sido bons para a crítica teatral portuguesa que, hoje em dia, praticamente não existe fora de Lisboa.

sobre a formação da companhia

sobre o trabalho da companhia

sobre "Amado Monstro" - 1992

sobre "O Triunfo do Amor" - 1992

sobre "Ella" - 1993

sobre "Susn" - 1993

sobre "Auto da Índia" - 1993

sobre "Mandrágora" - 1993

sobre "Comédia Sobre a Divisa da Cidade de Coimbra" - 1993

sobre "Farsa de Inês Pereira" - 1993

sobre "Bonhard" - 1994

sobre "Leôncio e Lena" - 1994

sobre "Uma Visitação" - 1994

sobre - "A Birra do Morto" - 1995

sobre "Amores" - 1996

sobre "Beckett - Primeira Jornada" - 1996

sobre "Lenz" - 1996

sobre "As Troianas" - 1997

sobre "A Serpente" - 1998

sobre "Pranto" - 1998

sobre "Os Persas" - 1999

sobre "Jacques e o seu Amo" - 1999

sobre "Além as Estrelas são a Nossa Casa" - 2000

sobre "Quem Come Quem" - 2000

sobre "Um Gosto de Mel" - 2001

sobre "Acto Cultural" - 2001

sobre "Amor de Don Perlimplín con Belisa en su Jardín" - 2002

sobre "Auto da Vistação e outras cousas que por cá se fizeram" - 2002

sobre "Farsa dos Almocreves e outras cousas que em Coimbra se fizeram em 1527" - 2003

sobre "O Juiz da Beira" - 2003

sobre "O Horácio" - 2003

sobre "Além do Infinito" - 2004

sobre "O Cerejal" - 2004

sobre "2 Perdidos numa Noite Suja" - 2004

sobre "Noivas" - 2005

sobre "Ao Partir ... Palavras" - 2005

 

 

sobre a formação da companhia
"A Escola da Noite - Grupo de Teatro de Coimbra define-se como uma companhia em formação que pretende "fazer caminho caminhando". Afirma saber o que quer fazer e como fazer, sem partir de postulados estéticos e culturais prévios.
O seu objectivo primeiro é dar resposta às aspirações e necessidades culturais da cidade de Coimbra, considerada a capital nacional da cultura.
Com este objectivo, e com o seu aparecimento, veio preencher uma lacuna existente no Distrito de Coimbra, sendo que o teatro é uma das formas de arte mais importante, porquanto reflecte o desenvolvimento cultural de uma região ou de um País.
Sendo profissionais, os elementos que constituem a Escola da Noite poderão dedicar-se a tempo inteiro ao estudo de outras formas estéticas de teatro e à produção teatral inovadora, necessitando para isso de meios.
Dado que um dos deveres do Estado é facultar à sua população a educação e cultura necessários ao seu desenvolvimento, não pode o Governo Civil deixar de apoiar esta e outras iniciativas semelhantes. Assume-se, todavia, importante o apoio das autarquias e das empresas do Distrito, desde logo porque quanto maior fôr o desenvolvimento cultural da região maiores se tornam as exigências dos cidadãos, o que gera uma cada vez maior dinâmica empresarial. Atento a esta realidade, o Governo apresenta algumas contrapartidas aos empresários, nomeadamente na redução dos impostos, ao abrigo da Lei do Mecenato. É portanto esta a hora de apostar na cultura."

Engº Luis Manuel Carvalho Pedroso de Lima
Governador Civil do Distrito de Coimbra em 1992

"A Escola da Noite", dando corpo a um programa de espectáculos que é em si mesmo um grande desafio, propõe-se estabilizar Coimbra no mapa do teatro profissional português e estabelecer com a comunidade da Zona Centro uma relação verdadeira muito nova.
O Estado soube "arriscar" nesse programa uma fatia substancial do orçamento de "Coimbra 92", evidenciando que a grande prioridade do Teatro é afinal o próprio Teatro.
Esta confiança materializa a convicção de que a maioridade da Cidade e a maioridade do teatro são indissociáveis, mas pressupõe uma correspondente confiança por parte das entidades locais e principalmente dos empresários e forças vivas da região.
Tratar-se-á da desejável apropriação dos valores regionais pela própria região, única via da sua afirmação extra-muros."

Ricardo Pais
Encenador

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sobre o trabalho da companhia
"(…)foi assim possível assistir em Coimbra a muito e bom teatro, com muito e bom público. No fim, ainda se ganhou uma nova sala, uma nova companhia e um "novo" Gil Vicente."
As Beiras, 29/12/92"A Escola da Noite, Grupo de Teatro de Coimbra, está particularmente activa este ano. Depois do êxito de "Amado Monstro", "Triunfo do Amor", "Ella", "Susn" e "Auto da Índia", que tem hoje a segunda apresentação em Antuérpia, Cidade Capital da Cultura, está a preparar uma nova produção: "A Mandrágora" de Maquiavel.
Trata-se de um espectáculo que envolve um grande leque de profissionais que, noutras peças, mostraram já terem a criatividade necessária para tornar "A Mandrágora" em mais um êxito da Companhia. (…)"

As Beiras, 11/5/93

"(…) Criada em meados de 1991, esta jovem companhia teatral, sediada em Coimbra, já deu mostras de uma profícua actividade (…) É o teatro universitário a dar frutos. Bons frutos."

Correio da Manhã, Suplemento Forum Estudante, 13/7/93

"Para Coimbra — A Cidade Capital do Teatro/93 —, o nome de "A Escola da Noite" na história cultural da cidade é uma honra sem dúvida."

O Despertar, 28/7/93

"(…) A companhia profissional A Escola da Noite foi criada há dois anos, quando do lançamento da iniciativa "Coimbra Capital Nacional do Teatro".
Numa nota de balanço da iniciativa, o ex-comissário para "Capital Nacional de Teatro", Ricardo Pais, refere que a companhia é uma das estruturas deixadas que "merece ser consolidada e desenvolvida no futuro"(…)"

O Primeiro de Janeiro, 30/3/94

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sobre "Amado Monstro"
"(…) Um bom trabalho e um princípio auspicioso."

João Carneiro, Expresso, 28/3/92

"Amado Monstro é como texto, como diálogo uma peça notável mesmo que aparentemente menor. A encenação foi dos próprios intérpretes, António Jorge e José Neves, e permitiu, pelo menos, a revelação de um cenógrafo, João Mendes Ribeiro, que criou um espaço depurado, de um grande rigor, uma zona de grande qualidade arquitectónica onde paira um toque de Bauhaus. Um solo fortemente inclinado sinaliza o desequilíbrio das duas personagens e das situações. António Jorge (Krugger) revela ainda alguma insegurança, ao contrário de José Neves, actor já com experiência (trabalhos com Rogério de Carvalho e Ricardo Pais), e que confirma aqui um talento indiscutivel.
Enquanto António Jorge se mexe, de acordo com a situação, ele está sentado e praticamente imóvel durante todo o tempo, criando a sua personagem através da voz e das tensões que a sua presença levanta. Um belo trabalho.
Teatro para ver em Coimbra, portanto."

Carlos Porto, Jornal de Letras, 7/4/92

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sobre "O Triunfo do Amor"
"Eu acho que fui muito feliz com este elenco, em que se conjuga a experiência e a juventude, com o arrojo de se encenar uma peça como esta. A sensação que tenho neste momento é que foi uma experiência rica, uma experiência que me marcou imenso, mesmo ao nível da companhia (…)"

Rogério de Carvalho em entrevista ao Diário de Coimbra (Suplemento), 24/10/92

"(…) A encenação de Rogério de Carvalho é sem concessões, sem rebuscamentos cénicos (…)"
"(…) O tom geral das interpretações é contido, as marcações a tender para a coreografia" (…) Quanto ao mais — música, luz, figurinos —, tudo se enquadra bem no estilo calmo e sereno do encenador. A pedir um espectador sossegado, disponível, "cool", como aquele jogador de xadrez de que fala Ricardo Reis."

Manuel João Gomes, Público, 29/10/92

"(…) Rogério de Carvalho (...) contou com excelentes jogos cenográficos (José Manuel Castanheira), de guarda-roupa (Ana Rosa Assunção), de luz (Jorge Ribeiro) e musicais (Paulo Vaz de Carvalho). E contou com uma equipa de actores jovens que conseguem uma composição inteligente das personagens. O carácter de homogeneidade que marca o trabalho, sob o ponto de vista da representação, mas também da encenação, ajuda a entender os resultados obtidos. Só muito raramente o trabalho sobre textos de Marivaux consegue explorar a multiplicidade das suas propostas. O espectáculo da Escola da Noite propõe uma leitura relativamente convencional desta peça sem por isso deixar de iluminar o que nela opera a um nível menos evidente."

Carlos Porto, Jornal de Letras, 24/11/92

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sobre "Ella"
"(…) A Escola da Noite, conclui, "veio para ficar e já deu sinal disso, o que é muito importante — não só para Coimbra, como para o teatro em Portugal".(…)"

Fernando Mora Ramos em entrevista ao Jornal de Coimbra, 6/1/93

"(…)Teatro nunca testado no público português, projecto ambicioso, válido, "com pés para andar" … Serão estas experiências importantes, fundamentais, que poderão criar futuro ao teatro.(…)"

Teresa Carreiro, Sete, 28/1/93

"Ella" o espectáculo mais interessante da carreira (ainda curta) da Escola da Noite. Absolutamente actual mesmo quando estranho, doloroso sem deixar de ser cómico, presente apesar de distante.
"Ella" encontrou entre as paredes do Edifício das Caldeiras o espaço ideal."

Manuel João Gomes, Público, 1/2/93

"(…) Num belíssimo cenário de José Carlos Faria, que se insere no espaço já de si espectacular do Edíficio das Caldeiras, Fernando Mora Ramos, encenador e intérprete, conta a sua história, num trabalho de admirável rigor. (…) Com este espectáculo, a que se seguirá outro com texto do mesmo autor, A Escola da Noite contribui de forma notável para uma urgente revitalização da actividade teatral portuguesa. Espera-se, como é evidente, que possa continuar a desenvolver a sua actividade sem os percalços que, nos últimos tempos, têm vindo a afectar outros agentes culturais."

João Carneiro, Expresso, 13/2/93

"Esta noite, após a representação da peça "Ella", A Escola da Noite — Grupo de Teatro de Coimbra, promove uma sessão debate informal, com a participação de algumas personalidades, a quem foram distribuidos materiais sobre a peça e o autor, e serão referencialmente dirigidas aos psiquiatras e psicólogos e aos alunos e docentes das faculdades de Medicina e Psicologia."

Correio da Manhã, 25/2/93

"(…) Neste espectáculo, ao qual não é possível ficar indiferente, é o próprio espectador que é interpelado e a partir daí a relação com todo o tecido social em que nos inserimos — função essencial do teatro enquanto expressão artística que tendemos, infelizmente, cada vez mais a esquecer."

João Carneiro, Expresso, 20/2/93

"É a muitos títulos notável a terceira produção da Escola da noite, a primeira companhia teatral de características profissionais sediada em Coimbra. E antes de mais, pela escolha da peça… (…) De sublinhar o papel da tradução (de Idalina Aguiar de Melo) neste trabalho da Escola da Noite. Porque o texto, tendo por base um modo coloquial em estilo popular, dispara sentidos por todos os lados; e como se trata de uma fala proferida por alguém desprovido de educação formal e do nexo verbal corrente, esta tradução literária, nunca cai em facilidades populares, tem aqui uma função das mais sensíveis para a cabal apreensão da peça.

Com esta estreia de Herbert Achternbusch em língua portuguesa, A Escola da Noite merece todos os aplausos. E passando-se isto em Coimbra, ainda mais."

Júlio Henriques, O Despertar, 5/3/93

"Uma oportunidade para o público de Lisboa tomar contacto com uma das mais interessantes peças estreadas em Portugal nos últimos meses, num monólogo em que se dá voz a uma personagem excluída de quase todo o universo social. (…)"

Expresso, 22/5/93

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sobre "Susn"
"(…) A apresentação desta peça destaca-se pelo seu carácter de novidade. Para além de se tratar de uma estreia absoluta da peça, também a equipa criativa é praticamente estreante, nomeadamente o encenador António Augusto Barros, que aqui faz a sua segunda encenação, Fernanda Fragateiro, que estreia a sua primeira cenografia teatral e António Andrade, que pela primeira vez assina uma composição musical para teatro."

Correio da Manhã, 24/3/93

"(…) António Augusto Barros pensa no texto Susn numa dimensão do espaço de um palco. Na possibilidade de gerir um elenco. Na aposta num cenário construído sobre a subtileza dos objectos, mesmo quando estes objectos são as sucessivas personagens que se mostram num palco. Tudo é, assumidamente, sugerido, deslocando a história para uma intemporalidade becketiana, em que o princípio e o fim se anulam, restando a memória de uma narração. (…) O trabalho final de António Augusto Barros, Fernanda Fragateiro (cenografia, figurinos e adereços), José Neves (desenho de luzes) merece ser visto e revisto. (…) Se Susn se afirma pela coerência da linguagem, Ella é assumidamente a destruição dessa coerência. E, naturalmente, nada disto tem só como referência o teatro de uma Alemanha. Tudo isto é o que dá razão de ser ao teatro do mundo, tal como somos capazes de o entender, ignorar ou aplaudir."

Clara Nunes Correia, Sete, 8/4/93

"(…) Susn, com encenação de António Augusto Barros, conta a história de uma mulher. Ella, encenado por Fernando Mora Ramos, conta a história de outra. O primeiro ocupa o espaço do Gil Vicente. O segundo, ali ao lado, o espaço do Edifício das Caldeiras. Por serem diferentes completam-se. Por serem tão semelhantes oferecem duas visões da possibilidade de se retratar uma vida, teatralmente assumidas de forma diferente. (…) A interpretação excelente de Fernando Mora Ramos, actor/encenador levanta todas as velhas questões sobre os limites da teatralidade de um monólogo. E ficamos perplexos por a fronteira ser, afinal, tão imprecisa. Tudo o que vimos é deveras impressionante."

Clara Nunes Correia, Sete 8/4/93

"(…) O espectáculo opera a um nível de intensidades muito fortes."

Carlos Porto, Jornal de Letras, 13/4/93

"(…) Indispensável para quem está em Coimbra: A Capital do Teatro 93 reclama-o."

Paulo Lopes Lourenço, Diário de Notícias, 16/4/93

"(…) Se em Ella as formas do diálogo e do monólogo eram problematizadas em favor, aparentemente, deste último, aqui articulam-se e entendem-se pelas cinco cenas com as cinco Susn, remetendo-nos directamente, também, para um outro problema, o da criação artística.
A encenação de António Augusto Barros evidencia este lado da criação artística, sem descurar o tratamento e individualização das personagens e das várias linhas tensionais do texto. (…) O belo trabalho cenográfico de Fernanda Fragateiro e José Fragateiro (…) um espectáculo, a vários títulos, exemplar."

João Carneiro, Expresso, 17/4/93

"(…) O mundo de Susn é o de toda a gente, mas visto a uma luz tão crua que parece (e é) pesadelo. A música (de António Andrade) e a luz (de José Neves) são determinantes na modelação das imagens que António Augusto Barros põe em cena."

Manuel João Gomes, Público, 21/4/93

"Um espectáculo que é necessário ver: porque articula habilmente uma reflexão sobre a criação artística com personagens que se inserem e reflectem a complexa realidade extrateatral; (…) Um espectáculo que ultrapassa, na sua concepção global (encenação, cenografia, luzes, interpretação) os limites e insuficiências a que o teatro nacional nos foi, perniciosa e incidiosamente, habituando; porque tudo isto está a marcar o percurso e a ajudar a caracterizar uma companhia nova."

João Carneiro, Expresso, 24/4/93

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sobre "Auto da Índia"
"(…) Gil Vicente deu origem a uma surpreendente lição de modernidade e a partir deste trabalho pode voltar-se a falar de novo teatro em Portugal.
Criando uma organicidade rara entre a concepção, a movimentação do actor, o figurino, a música, este Auto da Índia onde é notória a influência do chamado teatro-dança, vem por sua vez desmistificar todos os clichés com que a peça tem vindo a ser lida nos nossos palcos (…)"

Eugénia Vasques, Expresso, 1988

"(…) Vimos, assim, em Coimbra, um daqueles espectáculos luminosos, destinados a habitar a nossa memória: um daqueles trabalhos que, a não vir a Lisboa, justificam uma viagem de 200 quilómetros."

José Valentim Lemos, Diário de Notícias, 22/11/88

"Consolidando o estatuto de uma das mais produtivas e aclamadas companhias teatrais do país, A Escola da Noite iniciou, na passada 2ª feira no Teatro do Colégio S. Teotónio, uma abordagem à obra de Gil Vicente. (…)"

Jornal de Coimbra, 5/5/93

"(…) A representação do Auto da Índia teve características especiais pois abordou o texto de Gil Vicente de uma forma totalmente inovadora. Quer a sua problemática quer a sua coreografia foram dadas de uma forma muito mais actual (…)"

Teresa Joana, Júlio Mesquita, Flávio Dias (alunos do Colégio de S. Teotónio),
Correio de Coimbra, Suplemento S. Teotónio, 27/5/93

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sobre "Mandrágora"
"(…) E se por um lado a encenação de Ricardo Pais é muitíssimo bem feita, o desempenho dos actores é, por outro lado, uma pequena amostra de talentos. (…)"

Inês de Barros Baptista, Semanário, 3/7/93

"(…) De facto, seria mais fácil dizer que partilho com o grupo de actores aqui reunido afinidades quase únicas com muitos deles já tive o privilégio de trabalhar em espectáculos e outras experiências e que aceito o repto de retomar um "sucesso" e o desafio que A Escola se faz a si mesma de ousar produzir a uma outra escala.(…) Passámos exactamente três meses a fazer juntos este espectáculo e raramente terei experimentado um trabalho tão duro e tão gratificante.(…)"

Ricardo Pais em entrevista ao Diário de Coimbra, 5/7/93

"(…) A encenação pertence a Ricardo Pais, que é coadjuvado por Nuno Lacerda Lopes no trabalho de cenografia, Jasmim nos figurinos, Orlando Worm na iluminação e pela magnífica música de Carlos Zíngaro - que, conjuntamente com a excelente interpretação dos actores da companhia fazem da obra de Maquiavel (numa inédita tradução de Alexandre O'Neill) uma das melhores produções da Escola da Noite.(…)"

Jornal de Coimbra, 7/7/93

"(…) Contribui, com esta revisitação do texto, para a consagração de A Escola da Noite, de Coimbra, como uma das nossas mais interessantes - senão mesmo a mais interessante - companhias de teatro, a única que, neste momento, alia o rigor da preparação global do espectáculo à procura de uma expressão elegantemente contemporânea, assumindo-se como companhia de reportório, uma opção ambiciosa e indispensável entre nós.(…) um espectáculo exemplar."

João Carneiro, Expresso, 10/7/93

"O espectáculo da Escola da Noite encenado por Ricardo Pais é, para além de um tratado de bom gosto, um desafio ao talento de que soube decifrar pequenos e ocultados sinais (…) Perder este trabalho é também perder tempo. Esperemos que o espectáculo possa circular pelo país e que quando, na próxima temporada, ele chegar ao Centro Cultural de Belém a patine da usura se inscreva no brilho das suas formas como metáfora acrescentada. Coimbra está de parabéns."

Eugénia Vasques, Expresso, 17/7/93

"(…) A primeira grande referência a fazer ao espectáculo de A Escola da Noite é a da sua grande homogeneidade. O dispositivo cénico de Nuno Lacerda Lopes é não só de uma grande beleza como de uma grande funcionalidade (…) a luz de Orlando Worm, um dos mais belos trabalhos que tenho visto em Portugal (…); os admiráveis figurinos de Jasmim que não só são belos, cada um e no conjunto, como revelam a lógica preocupação de servir os actores, o que nem sempre acontece; a excelente música de Carlos Zíngaro que contribui para a criação da atmosfera de magia que atravessa o espectáculo. Ricardo Pais trabalhou todos estes elementos conferindo-lhes uma densidade, uma diversidade e uma comunicabilidade que multiplicam o seu real teatral, a sua energia cénica. (…) A criação de imagens que evocam a pintura da Renascença (marcações, personagens em grupo, movimentos, posturas, como a do anjo junto do poço) não é estéril porque faz parte da razão de ser deste espectáculo que funciona também como escola do olhar. (…) Ricardo Pais contou com um grupo de actores jovens dos quais conseguiu o que é talvez o mais importante, um jogo homogéneo e harmonioso. (…) um espectáculo, a meu ver, histórico do teatro português dos anos 90."

"(…) O mais belo espectáculo em cena."

Carlos Porto, Jornal de Letras, 20/7/93

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sobre "Comédia Sobre a Divisa da Cidade de Coimbra"
"A companhia residente de Coimbra, A Escola da Noite, agarrou nesse texto (considerado) menor do mestre, aparentemente irrepresentável, e apostou numa leitura moderna dessa produção que parecia ter caído no baú do esquecimento, não hesitando sequer numa banda sonora composta por temas dos U2, John Zorn e Brian Eno. (…).
O encenador recupera o imaginário contemporâneo de todos os pequenos truques, da caixa de música ao homem de aço das feiras populares, do playback nos espectáculos de music-hall aos modernos desfiles de moda nas passerelles elegantes. (…).
Nuno Carinhas pretendeu também acentuar a perspectiva ibérica da peça e explora o efeito das danças flamencas, ao mesmo tempo que faz aproximações aos rituais próprios da tauromaquia, levando esse paralelo com nuestros hermanos quase até ao exagero pela música de Bernardo Sandoval, no tema "Cariño".

Fernando Madaíl, Diário de Notícias, 10/12/93

"(…) a momentos de inegável preocupação cénica e musical, há ainda a acrescentar uma encenação primorosa, (…) e um notável desempenho dos actores. (…) o público rendido a aplaudir, no final, de pé. Mérito d'A Escola da Noite que prometeu "perigos e emoções" na versão "experimental, desassombrada e não tradicionalista" da comédia de Gil Vicente. E cumpriu."

Emília Trindade, As Beiras, 21/12/93

"(…) o encenador Nuno Carinhas recorre à dança, à gestualidade redundante e ilustrativa, ao anacronismo para fazer da comédia "naïf" uma "performance" muito "in". "In" é o cenário, com as suas numerosas portas e janelas, por onde entram, quando menos se espera, monstros, cavaleiros, meninas assediadas. Os figurinos de Ana Rosa Assunção contribuem decisivamente para o espírito lúdico que enforma todo o espectáculo."

Manuel João Gomes, Público, 7/1/94

"(…) O espectáculo traz todo o manancial de divertimento medievo para o imaginário contemporâneo. Porém, dando significado ao bilinguismo do texto, o que Nuno Carinhas propõe é uma autêntica tese do teatro de Gil Vicente como centro nevrálgico do teatro peninsular e mediterrânico.
(…) ao escolher Gil Vicente como um autor passível de ser sujeito a uma releitura actual — de que o "Auto da Índia, dirigido por Rogério de Carvalho, foi nobre antecedente — continua a provar quanto cabe aos criadores teatrais uma grande quota de responsabilidade pela tese da pobreza da dramaturgia nacional (…). O jovem e bonito elenco da Escola da Noite […] demonstra uma notável disposição para a linguagem da fisicalidade e do movimento, sendo o humor aqui veículo de uma inteligente demonstração da possibilidade de desmontagem da palavra pelo gesto, como tão bem o mostram personalidades tão diversas como Sílvia Brito, José Vaz Simão ou Carlos Borges, o "pivot" da função.
(…) Sai-se do espectáculo a sorrir e a trautear o ritmo jocoso da valsa. O humor passa a fazer parte da divisa de Coimbra."

Eugénia Vasques, Expresso, 8/1/94

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sobre "Farsa de Inês Pereira"
"(…) Neste novo espectáculo, o destaque vai para a estreia de Sílvia Brito, de 29 anos, como responsável pela encenação. Por outro lado, à semelhança do que tem vindo a acontecer em peças anteriores, é continuado o trabalho com a população escolar…

Diário de Coimbra, 26/3/94

"(…) prossegue a afirmação da linguagem particular da Escola da Noite, fundada, no essencial, numa pesquisa de possibilidades de articulação da fisicalidade com uma nova forma de realismo que, embora desnaturalizado, não deixa de ser comunicativo, humorístico e muito humanizado.(…) Um espectáculo sóbrio e elegante que sublinha a auto-consciência dos actores, transformados em manipuladores do espaço, em fautores de imagens. (…)"

Eugénia Vasques, Expresso, 16/4/94

"A boa afluência de público e a "crescente procura" das escolas da Região Centro obrigaram A Escola da Noite, de Coimbra, a alargar a temporada da sua mais recente produção, a "Farsa de Inês Pereira" (…).
(…) com o prolongamento em cena da "Farsa"… até ao final de Abril, ficam agendados 40 espectáculos encaminhando-se o espectáculo para obter a maior audiência de público numa única temporada (…)"

Público, 24/4/94

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sobre "Bonhard"
"(…) Em "Bonhard", Sílvia Brito oferece-nos uma excelente interpretação (…).
Todo o trabalho assenta no desempenho da actriz, com a cumplicidade de um espaço cénico, que nos remete, inevitavelmente, para a solidão e o abandono de um personagem atormentado pela ideia da loucura. (…)"

As Beiras, 16/8/94

"(…) Com esta estreia fora de portas, o grupo pretende, cada vez mais, fortalecer os laços de cooperação com as autarquias e instituições culturais da Região Centro. (…)"

Jornal de Coimbra, 12/10/94

"Dividida entre Coimbra e Montemor-o-Velho, sem espaço para actuar, A Escola da Noite tudo faz para animar culturalmente uma cidade onde o público não falta. (…)"

Público, 8/10/94

"(…) Um "one womam-show", apreciado pela crítica (…)"

Dulce Neto, Público, 23/9/94

"(…) A Escola da Noite tem tido a preocupação de, na escolha dos autores a representar, não deixar de lado a nova produção dramatúrgica, de que Thomas Bernhard é um dos exemplos, a que se poderia juntar Herbert Achternbusch ou Javier Tomeo. (…)"

João de Melo Alvim, Diário de Notícias, 25/9/94

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sobre "Leôncio e Lena"
"(…) É um espectáculo bonito, divertido, de grande beleza plástica. Um trabalho muito conseguido de uma companhia que com ele atinge a segurança e o equilíbrio que uma peça como esta exigia. (…) O nível das interpretações é excepcional (…)

Manuel João Gomes, Público, 20/1/95

"(…) É um dos melhores trabalhos do grupo coimbrão, justificando plenamente o convite ao encenador alemão Konrad Zschiedrich que dirigiu o espectáculo.
(…) A Escola da noite conta desta vez com o melhor elenco de sempre. (…)"

Manuel João Gomes, Público, 1/8/94

"(contributo para) uma forma de expressão teatral que vai tirando o teatro português de um naturalismo, um academismo e uma rotina serôdios e desactualizados que, em grande medida, ainda o caracterizam."

João Carneiro, Expresso, 7/1/95

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sobre "Uma Visitação"
"(…) Mas o que não falta no espectáculo são interpretações brilhantes. Num elenco cheio de energia, que canta, dança e faz (comedidamente) acrobacias (…)"

Manuel João Gomes, Público, 2/8/95

"(…) É um brilhante quadro do mundo que Gil Vicente criou, recriado por um elenco de actores que transformam os textos quinhentistas em pretextos para um festival de riso inteligente. (…)"

Manuel João Gomes, Público, 26/8/95

"(…) O espectáculo vem reforçar o excelente trabalho que esta companhia tem realizado sobre a obra do dramaturgo português Gil Vicente, elevando para quatro o número de peças já representadas (…)"

Despertar, 11/10/95

"(…) Por vezes, os propósitos são traídos por uma realização menos conseguida, por intérpretes menos seguros, mas a coerência global é sempre visível e o teatro de Gil Vicente, mais uma vez, chega até nós sem uma ruga."

João Carneiro, Expresso, 14/10/95

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sobre "A Birra do Morto"
"(…) a Escola da Noite e os Mutumbela Gogo estrearam no sábado a co-produção especialmente preparada para o Festival de Maputo e receberam aquela que foi talvez a aclamação mais calorosa do público em todo o certame. (…) revelou ainda um notável trabalho de actores, nomeadamente dos dois protagonistas principais... Mas terá sido a qualidade da encenação e a utilização de recursos técnicos invulgares em Moçambique, que deram ao espectáculo o ritmo que agradou aos moçambicanos."

Diamantino Cabanas, As Beiras, 18/12/95


"A nova versão de A Birra do Morto (que Mário Viegas, em tempos, já encenou) aposta na fusão de referências das duas culturas em confronto, numa tentativa de mestiçagem das formas de dizer, dos registos musicais e também das danças mais castiças.
(…) João Brites, director de O Bando e cenógrafo desta produção, atendendo à eventual continuidade do projecto, confeccionou uma peça polissémica com múltiplas soluções, que se transforma em carreta funerária, na barca de Caronte, num altar sacro, em mortalha de certos rituais, numa base para velas ou num teatro em que se encena a própria morte."

Fernando Madaíl, Diário de Notícias, 19/12/95


"(…) Deliciei-me, tal como muitos maputenses, com a maravilhosa peça A Birra do Morto, encenada por António Barros com mestria, a que se associou o magnífico desempenho dos actores e actrizes de A Escola da Noite e do Mutumbela Gogo. Que pena (…) ter tido só duas apresentações públicas."

José Carlos (jornalista cultural do semanário Domingo; Maputo, Moçambique), Setepalcos, nº 1, Dezembro 1996


"(…) Além do texto teimosamente marginal de Vicente Sanches, o rigor da encenação de Barros, bem como o protagonismo construtor da cenografia de Brites, demarcam definitivamente o espectáculo de A Escola da Noite e do Mutumbela Gogo de tudo o que já se fizera ou se vira em Moçambique. Para o grande público, enfim, bastaria a presença em palco de actores brancos, lado a lado com os colegas negros, para confirmar a participação europeia no empreendimento. Isto era, sem sombra de dúvidas, uma co-produção!
O resultado final apanhou de surpresa tanto o incauto espectador como a gente de teatro (…).
(…) Para muitos, particularmente no milieu, A Birra do Morto foi um abrir de janelas sobre outros teatros de outras gentes, uma perspectiva (mais uma) de abordar a paixão comum pela coisa teatral. Um traço de união, portanto. Porque universal, a leitura de Barros vai ao encontro de questões de grande peculiaridade que se têm colocado ao jovem teatro moçambicano (…)."

José Pinto de Sá (jornalista moçambicano), Setepalcos, nº 1, Dezembro 1996

"(…) O espectáculo é interpretado por actores dos dois grupos e, apesar disso, a unidade de interpretação é extraordinária, com um ambiente que tanto poderia ser em Portugal como em Moçambique.
Com uma encenação muito criativa, de António Barros, servida pela cenografia de João Brites, a peça merecia ter tido muito mais do que os dois espectáculos realizados. Com segundas leituras que podem conduzir a reflexões sobre o povo moçambicano que, apesar de todas as desgraças, não se deixa enterrar, era um espectáculo a merecer que o espectador pudesse ir mais do que uma vez."

João Machado da Graça (jornalista, director da Casa Velha, Maputo),
Setepalcos, nº1, Dezembro 1996

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sobre "Amores"
"O Federico García Lorca mais pícaro e truculento que se possa imaginar. (…) O novo espaço d'A Escola da Noite parece ter libertado as pulsões burlescas da companhia que se revela mais cómica do que nunca."

Manuel João Gomes, Público, 11/10/96

 

"(…) Um muro alentejano-algarvio… utilizado pelos actores para incontáveis saltos, quedas e cabriolas, muito de acordo com os códigos do teatro de robertos. Na sua extensão descomunal, o cenário é um palco gigantesco, que joga com a grandeza dos intérpretes: actores de carne e osso que dão corpo aos pequenos fantoches."

Manuel João Gomes, Público, 8/10/96

"O registo interpretativo dos actores, cuja agilidade histriónica e fisicalidade rigorosa são, como sempre nos trabalhos d'A Escola da Noite, a matéria-prima fundamental do espectáculo, põe (…) em permanente evidência a natureza poética e antinaturalista das figuras-títeres (…)"

Eugénia Vasques, Expresso, 26/10/96

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sobre "Beckett - Primeira Jornada"
"(…) A incomunicação, o absurdo da vida, o humor negro e macabro, a 'infelicidade de não ser suficientemente infeliz para se suicidar', são, aqui como em toda a obra de Beckett, os temas dum espectáculo que é muito conseguido na criação duma atmosfera perturbantemente negra. (…)"

Manuel João Gomes, Público, 22/12/96

"(…) Os quatro textos de Beckett resultam numa colagem exemplar do peculiar universo do dramaturgo irlandês.
(…) A dramaturgia d'A escola da Noite exige do espectador o esforço tipicamente beckettiano de entender o ritmo dos textos e os jogos de sons, além de ter de completar os silêncios e o não dito deste discurso estético. (…)

Fernando Madaíl, Diário de Notícias, 21/12/96

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sobre "Lenz"
"O projecto é tão aliciante quanto ambicioso. O resultado nem sempre ultrapassa airosamente os muitos e desvairados perigos que o texto de Büchner levanta. (…)
Mas… como é que essas coisas se materializam em cima das tábuas prosaicas? Talvez a resposta não seja mais fácil do que encontrar o remédio para a loucura. Para já, divulgar este texto é um passo decisivo que não pode seixar de ser aplaudido."

Manuel João Gomes, Público, 2/8/97


"(…) Na dramaturgia de Lenz é visível uma busca de equilíbrio, decorrente do elo profundo estabelecido entre o texto, a encenação e a actividade dos actores; o espaço cenográfico, aproveitando a profundidade do palco, é inspirador dos voos mentais que estão no pensamento de Büchner-Lenz."

Júlio Henriques e Joèlle Ghazarian, O Despertar, 29/10/97

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sobre "As Troianas"
"As Troianas assume quase sempre a forma duma lamentação de mulheres humilhadas e ofendidas, viúvas e condenadas à morte, menos votada para o céu e para os deuses do que para a terra onde jazem os heróis abatidos pelos gregos. E como é harmoniosa a combinação do chão de areia com a madeira bruta dos caixotes que servem de degraus e com os cobertores cinzentos que envolvem as viúvas troianas! Como tudo isso joga perfeitamente com a serenidade e a firmeza no tratamento dos coros!
A encenação de As Troianas assenta na simplicidade e tanto a cenografia como os figurinos e acessórios aproximam a acção da actualidade, sem cair no anacronismo. (…)
… todas as vozes femininas desta tragédia encontram no elenco feminino da Escola da Noite intérpretes seguramente dirigidas por um encenador que sabe, a cada instante, ser fiel ao espírito do drama — e ao tom lancinante da tragédia — ao mesmo tempo que, na concepção espacial, no desenho de som e das luzes, introduz inovações tão ousadas quanto discretas."

Manuel João Gomes, Público, 6/11/97

"Entre a Escola da Noite e o encenador Konrad Zschiedrich, existe uma relação que tem dado bons frutos. Aconteceu com a comédia "Leôncio e Lena", em 1995, acontece agora com "As Troianas". Dois dos melhores espectáculos que o grupo coimbrão fez até hoje. O espectáculo "As Troianas" apresenta-se tão perto do espírito do teatro grego quanto longe duma encenação académica, conseguindo, assim, ser experimental sem perder a capacidade de comover. "As Troianas" destaca-se sem favor no panorama das tragédias gregas vistas em Portugal (onde houve, já nesta década, duas outras encenações)."

Manuel João Gomes, Público, 7/11/97

"(…) O encenador e a companhia parecem ter optado por um registo não naturalista, a julgar pela estranha divsão elocutória do texto e pelo registo prosódico adoptado, que desfiguram a lógica sintática do que é dito, em função de isolamentos de palavras, de acentuações expressivas e de ritmos que acabam por transformar o discurso verbal num universo sonoro que desafia, com frequência, as possibilidades de construção de sentidos. De uma forma global, a gestualidade, o movimento, A elocução, tudo o que são recursos de interpretação, de expressão e de criação cénica, estão remetidos para um nível de elementaridade que raramente atinge o mínimo que se espera de uma companhia com o estatuto e as características da Escola da Noite. (…)"

João Carneiro, Expresso, 22/11/97

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sobre "A Serpente"
" (…) Magistralmente interpretado, o espectáculo dá toda a dimensão de um autor tão genial as categorias do teatro como a atacar os tabus sexuais."

Manuel João Gomes, Público

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sobre "Pranto"
" (…) Evidenciado, pelo encenador, como líbelo de dimensão social mas sem recurso ao estereótipo da beberrona cujo humor paralisaria — ou distrairia, na sua perspectiva — de uma ampla e universal que se estende ao sofrimento de um povo, o espectáculo da companhia sediada no Pátio da Inquisição de Coimbra continua uma proposta de "revisitação" experimental de Gil Vicente."

Eugénia Vasques, Expresso

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sobre "Os Persas"
" (…) Depois do êxito de "As Troianas", A Escola da Noite ousou recriar, no Pátio da Inquisição "Os Persas" de Ésquilo. E como a sorte favorece os audazes, o projecto tornou-se uma realidade que se impõe sem restrições."

Manuel João Gomes, Público

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sobre "Jacques e o seu Amo"
" (…) é um espectáculo delicioso, uma daquelas festas de teatro que podem prolongar-se durante horas e horas, sem ninguém se fatigar com o humor cínico do filósofo das Luzes (…)

Algum dia havia de ser: para se ver um espectáculo verdadeiramente substancioso, ágil e engraçado o melhor é ir a Coimbra (…) trocam-se os papéis numa contradança tão leve e festiva que poderíamos ficar ali uma noite inteira, quais aprendizes de "voyeurs", ouvindo e vendo anedotas pícaras como a da bainha e do punhal ou rábulas como a dos maus poetas, que, para Jacques (mas não será Jacques o outro eu de Diderot?) são todos maus. (…) Um espectáculo engraçadíssimo, vibrante, que os admiradores de Diderot não podem perder (…)."

Manuel João Gomes, Público

"O grupo de teatro A Escola da Noite, em Coimbra, tem dado, recentemente, sinais de uma vitalidade louvável. A peça que o grupo mais recentemente estreou, Jacques e o seu Amo, um texto de Milan Kundera (por sua vez versão do texto homónimo de Diderot) numa encenação de Sílvia Brito, teve um sucesso que até para os próprios foi uma surpresa agradável, esgotando mais de metade das sessões. (…)"

Manuel Cintra, Expresso

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sobre "Quem Come Quem"
"É um projecto megalómano, com uma ambição maior que Portugal, Brasil e África, por junto ou separados, e corresponde a uma experiência artística sem paralelo nem meridiano na cartografia da miscigenação do teatro e da cultura lusófona em geral."

Álvaro Vieira, Público

"Catorze intérpretes tão diversos de raça, espírito, linguagem e alma que o resultado só pode ser aliciante. (…) São centenas de histórias ocorridas em milhares de ventres milenários espelhados por continentes tão diferentes como a Europa, a África e a América. São religiões e experiências que se cruzam, se encontram e se reproduzem num só espectáculo fruto de um ano e meio de trabalho de pesquisa, "workshops", trocas e refeições em comum."

Manuel Cintra, Expresso

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sobre "Um Gosto de Mel"
"Numa trama que tem qualquer coisa de cinematográfico na encenação — a esta nota não será alheia a tentativa, abortada pela censura brasileira, em 1980, de Antônio Mercado, ter preparado uma versão de teatro televisivo da obra — todas as personagens se complementam, como se isso se traduzisse numa fórmula para a sua "insatisfação social e existencial", diz Mercado, acrescentando que nesta "peça contemporânea eles lutam com as armas que têm". E as armas são as palavras, os gestos, a exaltação verbal e corporal que todos manifestam, votados que estão a uma classe baixa, trabalhadora e responsável pela redescoberta de um país destroçado."

Maria José Oliveira, Público

"O êxito da peça, sustentado pela assiduidade do público, com lotações esgotadas ao longo da última semana, levou o grupo a fazer uma sessão extra. (…) "Um Gosto de Mel" resulta de uma encenação de Antônio Mercado para um texto escrito pela britânica Shelagh Delaney, nos anos 50, então apenas com 18 anos de idade. Um texto que reflecte toda a ânsia de vida e desejo de mudança da geração inglesa do pós-guerra. Um conflito de conceitos, de sensibilidades, de gerações (…)"

Jornal de Notícias

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sobre "Acto Cultural"
"São cerca de duas horas, que passam facilmente, em torno das atribulações da Junta Directiva da Sociedade Louis Pasteur para levar a cabo um Acto Cultural, uma visão teatral de Amadeu Mier da saga de Cristóvão Colombo (…) num óptimo desempenho dos actores António Jorge, Sílvia Brito, Isabel Lopes, Rui Damasceno e Sofia Lobo, e uma cenografia muito bem conseguida (um palco dentro do palco, uma mesa que é uma nau, um bom diálogo com o público) do arquitecto João Mendes Ribeiro."

João Paulo Cruz, Campeão das Províncias

"Um desconcertante sentido de humor aliado a uma boa dose de incisiva ironia constituem ingredientes fulcrais para construir um enredo que certamente o vai "prender à cadeira" do princípio ao fim do espectáculo."

Patrícia Silveira, Diário de Coimbra

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sobre "Amor de Don Perlimplín con Belisa en su Jardín"
"Num variado cruzamento de géneros de expressão teatral, desde a farsa aos títeres, ao canto lírico, ao drama mais subtil e recolhido de intensidade poética, o trabalho em referência foi ainda enquadrado por uma exploração do espaço cénico feita com uma inteligência funcional e estética de singular efeito"

Costa Brites, Diário de Coimbra

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sobre "Auto da Visitação e outras Cousas que por cá se fizeram "
"Também este espetáculo tem como objetivo as escolas, porém neste caso o público é que virá ao teatro, onde há exposições sobre Gil Vicente e fotos das montagens originais do que vai ver. Um elenco de dez atores apresenta o texto integral do "Auto da visitação" e fragmentos de "Auto da Índia", "Farsa de Inês Pereira", "Auto do juiz da Beira", "Pranto de Maria Parda", "O velho da horta" e "Auto dos físicos". Mas não é só apresentando as peças que A Escola da Noite faz seu trabalho junto a seu público jovem; além das exposições, além das exposições, o programa traz informações sobre as peças e também um glossário do vocabulário vicentino que não seria compreendido hoje, pelo menos não com facilidade.

Tendo ao seu dipor pela primeira vez um espaço tão grande, o diretor António Augusto de Barros serviu-se não só para liberar as marcas como também para fazer projeções nas paredes, mudar de lugar para criar ambientes diversos, havendo ainda a apresentação tanto sobre a cenografia usada quanto como seria uma cenografia ideal… O elenco é experimentado, canta, dança, traz o espetáculo para a imaginação da platéia não só no riso como também no patético de Maria Parda. Em seu 500 aniversário de estréia como autor, Gil Vicente é uma possibilidade válida para o palco e, mesmo não sendo mais tão jovem, é tratado com muito carinho."

Bárbara Heliodora, Jornal O Globo, 23/12/02

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